Rui Patrício. Com ele o Sporting tem um Guardião do templo ou um templo sem guardião?
Olhar para uma equipa de futebol implica, também, perceber a importância daquele corpo estranho que veste de maneira diferente e que, para conseguir jogar, precisa de usar as mãos.
Ladeado por dois postes, separados por 7 metros e 32 centímetros, e coberto por um travessão, colocado a 2 metros e 44 centímetros, o guarda-redes é um solitário, a quem os colegas viram as costas mal o árbitro apita para o início do jogo.
Compreender a função e a especificidade da posição é muito mais exigente do que classificar voos e defesas aparatosas. Há quem defenda que devem ser altos, outros preferem a elasticidade. Mas, na verdade, não há nenhuma receita mágica para definir o guarda-redes ideal.
Contudo, há vários nomes que se aproximam da perfeição. O campeão do Mundo e da Europa Dino Zoff, o alemão Sepp Maier, o britânico Gordon Banks e, mais recentemente, Peter Schmeichel, Gianluigi Buffon ou Oliver Kahn.
Numa altura em que a equipa de futebol do Sporting Clube de Portugal está em fase de remodelação, e quando se fala que os leões estão no mercado à procura de um guarda-redes que possa concorrer com Rui Patrício, há várias questões que se devem ter em conta.
A titularidade de Rui Patrício está longe de ser pacífica em Alvalade. Para muitos, a titularidade do jovem guardião deve-se, em grande parte, à uma teimosia de Paulo Bento que nunca tremeu, mesmo perante algumas das falhas de RP. Tanto que foi com o jovem natural de Marrazes na baliza que o técnico, agora no desemprego, conquistou duas Taças de Portugal, e uma Supertaça (na primeira Supertaça era Stojkovic o titular dos leões).
Agora, passados quatro anos da estreia no campeonato nacional frente ao Marítimo, defendeu uma grande penalidade de Marcinho e segurou os três pontos para o Sporting, Rui Patrício é um guarda-redes quase feito.
Contudo, para os responsáveis leoninos o ciclo da baliza leonina parece ter acabado. Pelo menos é esta a ideia que passa quando se fala que os leões estão no mercado à procura de um novo número um, experiente e capaz de conferir pontos à equipa.
A concretizar-se a intenção dos dirigentes verde-e-brancos, Toldo tem sido insistentemente apontado a Alvalade, restam duas alternativas a Rui Patrício:ou fica, assumindo-se como claro indiscutível na baliza; ou é substituído por um guarda-redes mais experiente e garante um importante encaixe financeiro aos cofres leoninos.
Rui Patrício não encarna nenhum dos protótipos típicos de guarda-redes: nem é louco, como era José Luis Chilavert, nem cheio de estilo como era Vítor Baia. À primeira vista pode, inclusivamente, parece desengonçado, devido à sua elevada estatura. Contudo, o RP Gigante é, de facto, um dos valores mais seguros do futebol português.
Falta-lhe, talvez, o carácter e a agressividade dos grandes vencedores para ser um indiscutível. Mas isso só se consegue com títulos de campeão.
Até adquirir esse estatuto, e caso continue no Sporting, Rui Patrício vai continuar a ter as metralhadoras do Estádio de Alvalade apontadas na sua direcção. No campo, ainda tem os consolos dos companheiros para amparar as “quedas”.
O problema é depois, no ambiente frio. E, é aí que Rui Patrício tem que dar o salto. Fortalecer-se com os erros para, a partir daí, tornar-se num guarda-redes de elite. E aí, nem Carlos Queiroz terá desculpa para não o convocar.
1 comentário:
Realmente no futebol Português fazem falta grandes guarda redes e neste momento não existem em clube nenhum...não me canso de dizer...volta atrás tempo e traz-nos o grande Michel Preud`Homme.
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