segunda-feira, 19 de julho de 2010

Futebolês Total - O MUNDIAL DA ESPANHA

Passa, repassa, volta a passar outra vez e ataca. A táctica não muda, é sempre a mesma. Sempre com bola, percentagem elevadíssima, para conseguir progredir. Os passes sucedem-se em catadupa. Os princípios de jogo da selecção espanhola são fáceis de explicar. Andrés Iniesta e Xavi Hernández são os pensadores, os dois centros, os homens que estão encarregues da manutenção da máquina. A Espanha, com a bola bem colada ao pé, superioriza-se, sufoca, impede que o adversário possa avançar. Obriga-o, aos poucos, a recuar. Um, dois, três, muitos metros. A táctica lá dará os seus frutos. O futebol apresentado por La Roja, sem a fúria de outros tempos, traz-nos o Barcelona à memória. Só com uma diferença. E é, leitor, uma diferença bem importante: à selecção espanhola falta o clique de génio, o toque de magia, os golos para juntar ao espectáculo. A posse de bola existe, mas não há poder de fogo.

Diz-se que numa prova como um Mundial é fundamental começar sem perder. Empatar, do mal o menos, até pode ser. Perder na estreia é que não. À Espanha, a derrota inicial perante a Suíça foi o melhor que poderia ter acontecido. É paradoxal, sim, mas, a partir daí, obrigados a rectificar a imagem deixada - a imagem de um candidato sem mostrar todo o seu crédito -, os espanhóis encararam cada jogo como se se tratasse de uma eliminatória: matar ou morrer. E riram no fim. As duas vitórias sobre Honduras e Chile, longe de serem adversários temíveis, chegaram com naturalidade e abriram as portas dos oitavos-de-final. Jogando, num duelo ibérico, com Portugal, La Roja colocou em campo os seus ideais, nunca abdicou deles, lutou contra uma defesa portuguesa consistente, sobretudo com um gigante Eduardo entre os postes, e ultrapassou mais uma etapa. Depois de um início com o pé esquerdo, o estatuto de selecção candidata voltou a fazer sentido. Até porque outros candidatos já haviam caído...

Seguiu-se o Paraguai. Há que salientar também que a selecção espanhola, até às meias-finais, foi feliz nos adversários que lhe apareceram pela frente. Nenhum deles, apesar de possuirem valor, fez tremer os espanhóis. No entanto, no jogo com os paraguaios, La Roja, sobretudo aquando da grande penalidade falhada por Óscar Cardozo - bem parada por Casillas - , sentiu algumas dificuldades. Mas passou. O próximo opositor, esse sim verdadeiramente forte e talvez à partida até com maiores chances de seguir em frente, foi a Alemanha. A Mannschaft, com Joachim Löw no comando, foi a equipa que melhor futebol jogou na África do Sul: possessiva, extraordinária na interpretação dos momentos do jogo, conseguindo ser camaleónica, e com capacidade para ser letal na finalização. O jogo espanhol, no tal tiki-taka de passe para aqui e para ali, prendeu os movimentos alemães. A ausência de Thomas Müller, porventura o jogador em melhor forma na Alemanha, bateu forte nos germânicos. Espanha dominou, insistiu, tentou. Carles Puyol, raçudo e guerreiro, marcou.

Para o jogo com a Holanda, na final, a Espanha seria sempre favorita - o Paul, povo mais famoso do Mundo, já o tinha dito, mas não era só por isso. Num confronto de duas selecções que jogam um futebol vistoso e ofensivo, a espanhola leva a melhor: tem melhores jogadores, apesar dos holandeses Sneijder e Robben, é mais consistente, sente-se mais confortável no relvado e consegue tirar a bola ao adversário como ninguém. Os holandeses, percebendo isso mesmo, jogaram duro, intimidatório, viril. O jogo teve equilíbrio, oportunidades repartidas, boas investidas para marcar. Não foi belo, nem pouco mais ou menos, mas teve emoção. Arjen Robben conseguiu escapar à defesa espanhola, encarar com Casillas e, em ambas, o guarda-redes foi mais forte. Andrés Iniesta, na oportunidade que teve, marcou. Teria de ser ali. Recebeu a bola, olhou para o gigante Maarten Stekelenburg, colocou toda a confiança no pé direito e rematou em cheio. O troféu foi para Espanha. Pela primeira vez na História dos Mundiais.

3 comentários:

Anónimo disse...

De certeza que nunca viste a Espanha jogar, porque o Iniesta joga nas laterias. No meio jogam o Xavi e o Alonso, com o Busquets nas costas. Nao digas as coisas so porque ouves dizer, ta?

Anónimo disse...

As 17:00 - Chelsea vs Ajax , meia hora antes encontre links para acompanhar R.Carvalho, Hilario, Deco, Bosingwa e Paulo Ferreira em:

* http://portuguesesnoestrangeiro.wordpress.com/


As 18:30 - Werder Bremen vs Freiburg meia hora antes encontre links para acompanhar Hugo Alemida em:

* http://portuguesesnoestrangeiro.wordpress.com/

Ricardo Costa disse...

Anónimo,

Só agora li o seu comentário.

"(...) Andrés Iniesta e Xavi Hernández são os pensadores, os dois centros, os homens que estão encarregues da manutenção da máquina (...)" - é esta a parte que critica?

Não vejo onde errei. Ao referir 'centro', como sendo as unidades, do meu ponto de vista, principais desta Espanha, estou a cometer algum erro? São os pensadores, disso ninguém tem dúvidas. Jogue nas laterais ou na defesa.